sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ocupação antrópica-zonas de vertente

As zonas de vertente, sobretudo quando o seu declive é mais acentuado, são locais onde fenómenos, tal como a erosão, podem ser mais rápidos e mais intensos. A erosão das vertentes, ou a forma como elas se vão modificando, deve-se essencialmente a dois tipos de causas naturais:
• a erosão hídrica, essencialmente provocada pela água das chuvas;
• os movimentos de terrenos, também designados movimentos em massa.
No primeiro destes dois tipos, estamos perante uma situação em que a erosão se processa de uma forma mais ou menos lenta e gradual, em consequência do desgaste dos solos provocado pelo impacto das gotas de chuva e pelo escoamento das águas ao longo das vertentes. Os materiais arrancados às vertentes são, quase sempre, em pequena quantidade e de pequenas dimensões.
Exemplo :
Na madrugada de 31 de Outubro de 1997 registaram-se em toda a ilha de São Miguel, com particular incidência nos concelhos da Povoação e do Nordeste, cerca de 1000 movimentos de massa, após um período de chuvas intensas. Estes provocaram a destruição de habitações e pontes, afectaram sistemas de comunicação, de transporte de energia e soterraram extensas superfícies de terrenos agrícolas. A área mais afectada foi a da freguesia de Ribeira Quente, que ficou isolada por mais de 12 horas e onde 29 pessoas perderam a vida.
Separata Açores, n.° 16, 2003 (adaptado)
Imagens dos movimentos de massa na Ilha de S. Miguel
Causas dos movimentos em massa
Resumo
Uma análise cuidada de situações de movimentos em massa, ocorridos em Portugal, leva-nos rapidamente a concluir da existência de dois tipos de causas, capazes de condicionar a ocorrência destes fenómenos. Se, por um lado, estamos perante causas naturais, por outro lado, diferentes acções do Homem poderão estar na origem dos movimentos em massa. As causas acima referidas poderão estar relacionadas com diferentes conjuntos de factores. Assim temos:
• factores condicionantes;
• factores desencadeantes.
Os primeiros correspondem às condições mais ou menos permanentes que podem favorecer ou não os movimentos em massa. Os segundos correspondem a factores que resultam de alguma alteração que foi introduzida numa determinada vertente e que pode despoletar um movimento em massa.
Factores condicionantes
Os movimentos de terreno são, antes de qualquer outro factor, fortemente condicionados pela força da gravidade. Sendo assim, o contexto geológico e as características geomorfológicas de um determinado local, condicionam a ocorrência de qualquer movimento de massa.
Dentro do contexto geológico, o tipo e as características das rochas, a sua disposição no terreno, isto é, a orientação e inclinação das camadas, o seu grau de alteração e de fracturação são aspectos que poderão contribuir para acelerar ou retardar a ocorrência de uni movimento em massa. Da geomorfologia do terreno, facilmente se compreenderá que, dependendo do seu declive, conjugado com a gravidade, com maior ou menor dificuldade poderão ocorrer movimentos em massa.
Factores desencadeantes
Os principais factores desencadeantes são a precipitação, a acção do Homem, a ocorrência de sismos e tempestades nas zonas costeiras. Uma elevada precipitação durante um curto período de tempo, ou uma precipitação moderada durante um prolongado período, são factores que alterarão o equilíbrio em que se encontram as formações rochosas, podendo vir a desencadear um movimento de massa.
A acção do Homem pode revestir-se de diferentes aspectos para desencadear estes fenómenos.
Um dos mais comuns é a destruição do coberto vegetal. As plantas constituem um elemento de fixação do solo. Quando o coberto vegetal é destruído, a erosão processa-se de forma mais rápida e com efeitos mais devastadores.
Uma outra acção do Homem, capaz de desencadear movimentos de massa, resulta da remoção dos terrenos para abertura de novas estradas ou construções. Quando estas actividades não são efectuadas com o devido controlo, o seu efeito pode ser devastador.
Os sismos e as vibrações que provocam poderão fazer com que formações rochosas, que se encontram em posições instáveis, venham a sofrer uma derrocada.
As tempestades no mar afectam essencialmente as zonas costeiras mais escarpadas, uma vez que um continuado movimento das ondas vai desgastando as paredes rochosas das escarpas e pode provocar queda de blocos, quase sempre, de grandes dimensões.
Praia de Albufeira (Portugal) sem risco de derrocadas

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