sexta-feira, 4 de junho de 2010

reflexão sobre catastrofes naturais

As imagens de catástrofes naturais, que infelizmente a televisão nos mostra com demasiada frequência, despertam muitas vezes em nós uma sensação de inaptidão, de impotência, de raiva e de dor.
E a primeira reacção é quase sempre esta: De quem é a culpa? Por que razão não foram avisados antes da inundação? Quem é que deixou escapar algum pormenor? Não havia nenhum sistema de pré-aviso? Será que as casas destruídas pelo terramoto não foram construídas de forma suficientemente sólida? Será que o curso do rio foi alterado de tal forma que provocou inundações? Será que o governo falhou e não organizou um verdadeiro programa para lidar com a crise? Será que as autoridades não reagiram convenientemente?
Evidentemente que é importante fazer tudo o que é humanamente possível para limitar as consequências destruidoras das catástrofes naturais e para corrigir os erros humanos. Ainda assim, muitas vezes, parece que a procura dos culpados parte do princípio de que não deviam existir quaisquer catástrofes naturais ou que as pessoas deviam, pelo menos, poder controlá-las.
Sempre que se fala de catástrofes naturais e se procuram os culpados, surgem também questões do género: Onde estava Deus quando a derrocada aconteceu? Será que Deus teve alguma coisa a ver com esta catástrofe? Será que a podia ter evitado? Porque é que não o fez? Porque é que o maremoto apanhou todos de igual modo: os turistas que foram para descansar; os pobres que nada tinham; os cristãos devotos que foram arrastados pela água quando faziam uma peregrinação ao santuário Mariano? Será que as orações não servem de nada, nestes casos? Será Deus injusto? Será que age, arbitrariamente?
É bom que tais questões sejam colocadas. Ainda assim, ninguém pode, em última análise, responder a estas perguntas. Podemos apenas suportar o absurdo de tais catástrofes. Podemos apenas render-nos, juntamente com a nossa tentativa de tudo controlar. Com efeito, não temos controlo absolutamente nenhum sobre este mundo. Não somos imunes às catástrofes naturais e a natureza não é apenas uma paisagem bonita onde se pode descansar, nem uma fonte onde nos possamos abastecer. Tem também em si mesma algo de ameaçador, inexplicável e poderoso com que não podemos rivalizar. A natureza não é tão harmoniosa e inocente como tantas vezes a imaginamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário